31 de jan. de 2021

1/4 - Modelo do Conflito entre Ciência e Religião

Dois punhos cerrados se chocando sob a palavra CONFLITO

Talvez este seja um dos 4 modelos que mais demandará linhas neste blog pois, historicamente, o modelo de “conflito” é o entendimento mais significativo da relação entre ciência e religião, muitas vezes colocado até como “guerra”. Mesmo que seu apelo tenha diminuído consideravelmente em um nível mais acadêmico o modelo de conflito continua a ser profundamente influente no meio popular. Há quem defenda que este tipo de interação seja, não só inevitável, mas inerente à relação ciência e religião.

Dois historiadores do final do século XIX levam os créditos pela popularização dessa abordagem. São eles:

  • John William Draper (1811-1882) – médico, químico e historiador, fundador da Escola de Medicina da Universidade de Nova Iorque -> obra: A história do conflito entre religião e ciência (1874).
  •  Andrew Dickson White (1832-1918) – historiador, cofundador da Universidade Cornell -> obra: A história do conflito entre a ciência e teologia na cristandade (1896).

Entretanto, o historiador da ciência Ronald Numbers diz que “essa guerra existe principalmente na mente de historiadores dados a clichês”. Diz ainda, com base em relatos de antigos historiadores da ciência, que Draper e White mais fizeram propaganda do que história (NUMBERS, 2020). O problema é que esta mensagem raramente sai da “torre de marfim”, o famoso espaço intelectual deliberadamente desvinculado do mundo cotidiano.

Assim, resta que as pessoas não religiosas “sabem” que religião organizada sempre se opôs ao progresso científico (visto nos ataques a Galileu e Darwin, por exemplo). Já o público religioso “sabe” que a ciência liderou a derrocada da fé e matou Deus (por meio do naturalismo e antibiblicismo). E é justamente esse o intuito de Numbers no recente lançamento da Thomas Nelson Brasil em parceria com a ABC2, o livro intitulado “Terra plana, Galileu na prisão e outros mitos sobre ciência e religião”, que contou com a colaboração de diversos professores e historiadores (entre religiosos cristãos, judeus, islâmicos, bem como agnósticos e ateus) para desconstruir alguns mitos e falsas afirmações que tanto contribuíram para o sucesso da sensação de conflito entre ciência e religião. Este livro é imprescindível para quem quer conhecer um pouco mais sobre esse campo do conhecimento.

soldier dawkins with a war helmet

Um dos mais conhecidos representantes e entusiastas desta postura bélica é o Biólogo evolutivo RICHARD DAWKINS. Para ele, ciência e religião são implacavelmente opostas. Embora Dawkins seja o mais conhecido representante dessa abordagem e ser um ateu militante (Luiz Felipe Pondé o chamaria de Ateu Toddynho, se referindo àqueles de postura chata e arrogante), Alister Mcgrath, químico, biofísico e teólogo, uma dos maiores estudiosos recentes das interações entre ciência e religião, diz que esse modelo não se restringe a cientistas antirreligiosos (não só ateus, mas antirreligiosos), sendo este posicionamento de repulsa também muito comum em grupos religiosos (e aí podemos aplicar o mesmo conceito de Pondé, o de Religioso Toddynho). Não são raras as declarações que colocam o evolucionismo moderno, por exemplo, como a continuação da longa guerra de Satanás contra Deus.

O físico brasileiro Marcelo Gleiser tem uma postura totalmente diferente. Ele argumenta que a “guerra” entre ciência e religião é fabricada. Sobre religiosos bélicos, Gleiser diz: "Eles consideram a ciência como o inimigo, porque têm um modo muito antiquado de pensar sobre ciência e religião, no qual todos os cientistas tentam matar Deus", disse. "A ciência não mata Deus", ele completa. Gleiser, agnóstico, ganhador do Prêmio Templeton devido ao seu olhar conciliador, lamenta que os "novos ateus" tenham ampliado a distância com a religião, especialmente o cientista britânico Richard Dawkins.

O problema é que, apesar de suas confusões epistemológicas acerca de fato e ciência recentemente expostas nas redes sociais, Dawkins influenciou e até hoje ainda influencia muita gente. Não questiono sua capacidade e qualidade científica, mas sua postura enquanto divulgador de ciência, em que a agressividade desproporcional pode atrapalhar e afastar mais do que agregar. Recentemente, o efeito negativo de Dawkins para o amplo debate que envolve Ciência e Religião foi demonstrado estatisticamente por Unsworth e Voas (2021).

O fato é que a Tese do Conflito é mais uma ideia que vive e se fortalece em uma bolha, que pode estar prestes a estourar. Para a Dra. Jennifer Wiseman, astrofísica sênior da NASA, muito do que aparece hoje como conflito, ou que é assim descrito, está no campo da antropologia e das ciências sociais. Já McGrath, diz que o que mantém o modelo de conflito são questões muito específicas inseridas nas ciências naturais, principalmente o ensino de evolução nas escolas e questões de modificação terapêutica de genes.

É importante saber que o maior mito na história da ciência e religião é de que elas estão em constante conflito. É saudável e honesto para o debate perceber e reconhecer que o conflito não é a única maneira de relacionar ciência e religião. Por fim, existem cientistas que vão além do conflito. O já citado Marcelo Gleiser é um ótimo exemplo de influência com perspectivas menos (ou nada) combativas, que promovem a independência, o diálogo ou a integração entre estes dois campos da realidade humana, bem como os também já citados Jennifer Wiseman e Alister McGrath, e vários outros como Francis Collins, Andrew Briggs, Malcolm Jeeves, Débora Haarsma, o saudoso Sir John Polkinhorne, o brazuca Roberto Covolan, e tantos outros.

Referências:

BARBOUR, Ian. G. Quando a ciência encontra a religião: Inimigas, Estranhas ou Parceiras. São Paulo: Ed. Cultrix, 2000.

GARROS, T. Ciência e Religião em Perspectiva: inimigas mortais ou amizade a ser (re)descoberta? – Parte 1. 2017. Disponível em: https://www.cristaosnaciencia.org.br/ciencia-e-religiao-em-perspectiva-parte-1/. Acesso em: 28 fev 2021.

MCGRATH, A. Ciência e religião: fundamentos para o diálogo. Tradução de Roberto Covolan. - 1. Ed. – Rio de Janeiro: Thomas Nelson Brasil, 2020. 352 p.

NUMBERS, RL. Terra plana, Galileu na prisão e outros mitos sobre religião e ciência. Tradução de Aline Kaehler – 1. Ed. – Rio de Janeiro: Thomas Nelson Brasil, 2020. 336 p.

UNSWORTH, A.; VOAS, D. The Dawkins effect? Celebrity scientists, (non)religious publics and changed attitudes to Evolution. Public Understanding of Science, 1–21, 2021. DOI: https://doi.org/10.1177/0963662521989513

WISEMAN, J. Entrevista. In: A ciência não prova Deus, mas enriquece a fé de quem acredita: uma entrevista com Jennifer Wiseman. Gazeta do Povo, ed. 30 mar 2019. Disponível em https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/tubo-de-ensaio/entrevista-jennifer-wiseman/ Acesso em 14 Mar 2021.


16 de jan. de 2021

Os 4 modelos de Barbour para a relação Ciência e Religião

 


Como ciência e religião se relacionam (ou deveriam se relacionar) é uma questão altamente complexa e controversa. O assunto é extenso, mas hoje vou apenas mostrar a proposta de IAN BARBOUR (1923–2013), um físico e teólogo americano que revolucionou os estudos sobre ciência e religião ao identificar/propor quatro abordagens para relacionar as duas áreas.


1 - Conflito (talvez o mais comum para quem não procura entender nenhuma ou apenas uma das duas esferas, infelizmente);

Talvez este seja um dos 4 modelos que mais demandará linhas neste blog pois, historicamente, o modelo de “conflito” é o entendimento mais significativo da relação entre ciência e religião, muitas vezes colocado até como “guerra”. Mesmo que seu apelo tenha diminuído consideravelmente em um nível mais acadêmico o modelo de conflito continua a ser profundamente influente no meio popular. Há quem defenda que este tipo de interação seja, não só inevitável, mas inerente à relação ciência e religião.

Dois historiadores do final do século XIX levam os créditos pela popularização dessa abordagem. São eles:

  • John William Draper (1811-1882) – médico, químico e historiador, fundador da Escola de Medicina da Universidade de Nova Iorque -> obra: A história do conflito entre religião e ciência (1874).
  •  Andrew Dickson White (1832-1918) – historiador, cofundador da Universidade Cornell -> obra: A história do conflito entre a ciência e teologia na cristandade (1896).

Entretanto, o historiador da ciência Ronald Numbers diz que “essa guerra existe principalmente na mente de historiadores dados a clichês”. Diz ainda, com base em relatos de antigos historiadores da ciência, que Draper e White mais fizeram propaganda do que história (NUMBERS, 2020). O problema é que esta mensagem raramente sai da “torre de marfim”, o famoso espaço intelectual deliberadamente desvinculado do mundo cotidiano.

Assim, resta que as pessoas não religiosas “sabem” que religião organizada sempre se opôs ao progresso científico (visto nos ataques a Galileu e Darwin, por exemplo). Já o público religioso “sabe” que a ciência liderou a derrocada da fé e matou Deus (por meio do naturalismo e antibiblicismo). E é justamente esse o intuito de Numbers no recente lançamento da Thomas Nelson Brasil em parceria com a ABC2, o livro intitulado “Terra plana, Galileu na prisão e outros mitos sobre ciência e religião”, que contou com a colaboração de diversos professores e historiadores (entre religiosos cristãos, judeus, islâmicos, bem como agnósticos e ateus) para desconstruir alguns mitos e falsas afirmações que tanto contribuíram para o sucesso da sensação de conflito entre ciência e religião. Este livro é imprescindível para quem quer conhecer um pouco mais sobre esse campo do conhecimento.

Um dos mais conhecidos representantes e entusiastas desta postura bélica é o Biólogo evolutivo RICHARD DAWKINS. Para ele, ciência e religião são implacavelmente opostas. Embora Dawkins seja o mais conhecido representante dessa abordagem e ser um ateu militante (Luiz Felipe Pondé o chamaria de Ateu Toddynho, se referindo àqueles de postura chata e arrogante), Alister Mcgrath, químico, biofísico e teólogo, uma dos maiores estudiosos recentes das interações entre ciência e religião, diz que esse modelo não se restringe a cientistas antirreligiosos (não só ateus, mas antirreligiosos), sendo este posicionamento de repulsa também muito comum em grupos religiosos (e aí podemos aplicar o mesmo conceito de Pondé, o de Religioso Toddynho). Não são raras as declarações que colocam o evolucionismo moderno, por exemplo, como a continuação da longa guerra de Satanás contra Deus.

O físico brasileiro Marcelo Gleiser tem uma postura totalmente diferente. Ele argumenta que a “guerra” entre ciência e religião é fabricada. Sobre religiosos bélicos, Gleiser diz: "Eles consideram a ciência como o inimigo, porque têm um modo muito antiquado de pensar sobre ciência e religião, no qual todos os cientistas tentam matar Deus", disse. "A ciência não mata Deus", ele completa. Gleiser, agnóstico, ganhador do Prêmio Templeton devido ao seu olhar conciliador, lamenta que os "novos ateus" tenham ampliado a distância com a religião, especialmente o cientista britânico Richard Dawkins.

O problema é que, apesar de suas confusões epistemológicas acerca de fato e ciência recentemente expostas nas redes sociais, Dawkins influenciou e até hoje ainda influencia muita gente. Não questiono sua capacidade e qualidade científica, mas sua postura enquanto divulgador de ciência, em que a agressividade desproporcional pode atrapalhar e afastar mais do que agregar. Recentemente, o efeito negativo de Dawkins para o amplo debate que envolve Ciência e Religião foi demonstrado estatisticamente por Unsworth e Voas (2021).

O fato é que a Tese do Conflito é mais uma ideia que vive e se fortalece em uma bolha, que pode estar prestes a estourar. Para a Dra. Jennifer Wiseman, astrofísica sênior da NASA, muito do que aparece hoje como conflito, ou que é assim descrito, está no campo da antropologia e das ciências sociais. Já McGrath, diz que o que mantém o modelo de conflito são questões muito específicas inseridas nas ciências naturais, principalmente o ensino de evolução nas escolas e questões de modificação terapêutica de genes.

É importante saber que o maior mito na história da ciência e religião é de que elas estão em constante conflito. É saudável e honesto para o debate perceber e reconhecer que o conflito não é a única maneira de relacionar ciência e religião. Por fim, existem cientistas que vão além do conflito. O já citado Marcelo Gleiser é um ótimo exemplo de influência com perspectivas menos (ou nada) combativas, que promovem a independência, o diálogo ou a integração entre estes dois campos da realidade humana, bem como os também já citados Jennifer Wiseman e Alister McGrath, e vários outros como Francis Collins, Andrew Briggs, Malcolm Jeeves, Débora Haarsma, o saudoso Sir John Polkinhorne, o brazuca Roberto Covolan, e tantos outros.

2 - Independência (entre o anterior e este, prefiro este);

As controvérsias identificadas no modelo de conflito geram desconfiança e questionamentos. Pensando em “preservar a integridade” tanto da ciência quanto da religião, é possível identificar uma segunda abordagem dessa relação, a da Independência. Essa insiste que C&R são esferas da realidade completamente independentes e autônomas, com suas próprias regras e linguagens. “A ciência tem pouco a dizer sobre crenças religiosas e a religião tem poucos a dizer sobre o estudo científico (MCGRATH)”.

Um dos mais conhecidos representantes dessa abordagem é o Paleontólogo Stephen Jay Gould, que propôs os “Magistérios Não Interferentes”, onde ciência e religião ocupam domínios ou áreas de autoridade/competência bem-definidos, que não se sobrepõem ou se cruzam. A regra de Gould é clara: esses dois magistérios, a ciência e a religião (que não cobrem toda a experiência humana), lidam com assuntos diferentes, e então não devem se intrometer na competência alheia. O físico brasileiro Marcelo Gleiser é outro importante representante desse modelo. 

É comum ouvirmos que a ciência se interessa pelo tempo e a religião, pela eternidade; a ciência estuda como funciona o céu e a religião, como ir para o céu. Nós utilizamos com frequência uma variante dessa abordagem dada pelo teólogo americano Langdon Gilkey (1959 – Criador do céu e da terra) que diz que as Ciências Naturais estão preocupadas em fazer perguntas sobre o “como” (lidando com causas secundárias = interações dentro da esfera da natureza), enquanto a teologia faz perguntas sobre o “por que” (relacionadas com as causas primárias = origem e propósito fundamentais da natureza).

Ao olhar dessa forma independente nenhuma conversa é necessária e nem mesmo possível, nem o conflito se justifica, o que caracteriza essa abordagem, de certa forma, como pacificadora. Esse pacifismo resulta numa grande popularidade nos círculos teológicos e científicos, pois fornece liberdade para acreditar e pensar no que prezam os atores em seus próprios campos (ou magistérios) sem forçar uma relação entre eles.

Entretanto, Barbour aponta que a abordagem de independência inevitavelmente compartimentaliza a realidade uma vez que não experimentamos a realidade dessa forma, tão nitidamente dividida, mas em sua totalidade e interconectividade. Ele defende que estes magistérios não podem evitar algum grau de sobreposição e interação, ou seja, eles não são completamente separados.

Assim, podemos perceber a postura de independência muito menos problemática que a abordagem do conflito, embora incompleta. Em tempos de polarização de ideias e extremismos em todas as áreas da nossa vida, incluindo grupos de whatsapp da família, um simples olhar conciliador já fornece benefícios mínimos para o desenvolvimento basal de ambos os campos de estudo.

3 - Diálogo (vejo com bons olhos por seu equilíbrio e pacificação; e é meu atual sonho de consumo);

Nós vivemos na “era da informação”, sendo cada vez mais raro a publicação de estudos feitos por apenas um pesquisador. Um estudo de 2020 aponta que cresceu nos últimos anos o número de publicações científicas assinadas por mais de mil autores (um fenômeno conhecido como hiperautoria). Existem diversas explicações para este fenômeno (pesquisas globais e colaborativas, uso de equipes e equipamentos, redução de custos, etc). Assim, o pesquisador solitário está se tornando cada vez menos viável para grandes inovações científicas. (ANDRADE, 2020 – FAPESP).

Seguindo este pensamento colaborativo, o modelo do diálogo é uma terceira maneira de entender a relação entre Ciência e Religião, levando a uma melhor compreensão mútua entre ambas.

O filósofo americano Alvin Plantinga, em seu livro Ciência, religião e naturalismo: onde está o conflito? (2018 - Editora Vida Nova) diz que “apesar de haver um conflito superficial, há uma convergência profunda entre a ciência e a religião teísta”; e, apesar de haver uma convergência superficial, há um conflito profundo entre a ciência e o naturalismo” (que ele chama de quase-religião). Essa observação nos leva à pergunta: “Há divergências entre as duas esferas?”. E a resposta é que sim, há divergências sim. Mas acredita-se também que esses dois parceiros de conversação podem aprender um com o outro.

Alister McGrath, químico, biofísico e teólogo, um dos mais maiores autores da atualidade no estudo de ciência e religião diz que: “Nem a ciência nem a religião podem fornecer uma descrição total da realidade. No entanto, juntas elas podem oferecer uma visão estereoscópica da realidade negada àqueles que se limitam à perspectiva de apenas uma disciplina” (MCGRATH, 2019 – pg 17). É no mínimo questionável um cientista limitar suas perspectivas e potencialidades em conhecer as realidades disponíveis. McGrath ainda argumenta que o diálogo entre C&R nos permite apreciar identidades, forças e limites distintos de cada parceiro de conversa, e nos oferece uma compreensão mais profunda das coisas do que a religião ou a ciência poderiam oferecer por si só.” (MCGRATH, 2019 - pag. 20). Além disso, McGrath, que é professor e diretor do Centro Ian Ramsey de Ciência e Religião da Universidade de Oxford, sugere que ciência e religião são capazes de interagir em um diálogo significativo sobre algumas das grandes questões da vida, mas não como uma conversa acolhedora e não crítica, muitas vezes tendendo a uma agradável, mas injustificada assimilação de ideias. A ideia dele é um diálogo robusto e desafiador (quase que uma banca de doutoramento), investigando questões profundas e potencialmente ameaçadoras sobre a autoridade e os limites de cada participante e cada disciplina.

A ciência pode purificar a religião do erro e da superstição, a religião pode purificar a ciência da idolatria e dos falsos absolutos”. Nesta célebre frase, o papa João Paulo II parece incentivar o diálogo entre C&R, ao passo que o Papa Bento XVI propõe, por sua vez, uma relação de autonomia e distinção, lembrando mais a abordagem da independência, mas nunca uma oposição (AGOSTINI, 2013). Outra frase constantemente citada é “a ciência sem a religião é manca, a religião sem a ciência é cega”. Essa frase é do físico e ganhador do prêmio Nobel Albert Einstein e, apesar de seu conceito peculiar de religião, traz robustez à possibilidade do diálogo ao invés do conflito.

Após essas duas famosas citações no debate de C&R, pode-se dizer que as explicações científicas e religiosas assumem formas diferentes, mesmo quando refletem sobre as mesmas observações. Assim, abordagens dialogais permitem ou incentivam o aprimoramento ético, estético e espiritual de determinadas questões e, pensando em potencializar a construção do conhecimento, é desejável fomentar o diálogo ao invés do conflito. Ian Barbour, o físico e teólogo americano proponente desta tipologia em 4 modelos, considera esse provavelmente o modelo mais satisfatório do possível leque de abordagens.

4 - Integração (sinceramente, ainda tenho dúvidas sobre esta abordagem, mas existem bons defensores).

A 4ª e última maneira de relacionar C&R é a Integração. Este modelo é mais amplo que o do diálogo em sua unificação da ciência e da teologia. A integração dá um passo além, a fim de alcançar maior unidade conceitual. Por esse motivo entende-se que seja um dos maiores desafios, talvez o alvo a ser atingido.

Como exemplo desta abordagem cito Charles Raven, teólogo britânico, que insiste que devemos “contar uma única história que trate de todo o universo como uno e indivisível”. Assim, ele argumenta que os mesmos métodos básicos devem ser usados em todos os aspectos da busca humana por conhecimento, seja religioso ou científico. Raven resiste vigorosamente a qualquer tentativa de dividir o universo em componentes “espirituais” e “físicos”.

        Apesar de considerar o modelo de diálogo mais satisfatório, Barbour é muito simpático a essa abordagem, e tende a apresentar as 4 opções como estágios de uma jornada intelectual de descoberta, semelhante a uma evolução natural do intelecto (Conflito < Independência < Diálogo < Integração). McGrath faz uma analogia com que chama de “viajante intelectual”, como no clássico livro de John Bunyan (O Peregrino), em que o estudante geralmente começa com Conflito entre ciência e religião por conta de seu conhecimento incipiente de ambas as esferas do conhecimento; seguido por um breve e insatisfatório flerte com a Independência, para iniciar uma fase pacífica e conciliatória; e finalmente encontrar um local de descanso satisfatório no Diálogo ou em alguma forma de Integração. Quantas histórias semelhantes a esta nós podemos encontrar?

Para Barbour, os modelos de Conflito e Independência estão errados, enquanto as abordagens de Diálogo e Integração estão corretas.


Referências:

AGOSTINI, N. Igreja católica e ciências: por uma cultura do diálogo e da vida. Revista Pistis & Praxis: Teologia e Pastoral, vol. 5, núm. 1, enero-junio, 2013, pp. 185-205.

ALEXANDER, D.R. Criação ou evolução: precisamos escolher? Viçosa, MG – Editora Ultimato (coleção ciência e fé cristã), 2017.

ANDRADE, R.O. Escrito a muitas mãos. Pesquisa Fapesp, n. 289, 2020. Disponível em: https://revistapesquisa.fapesp.br/escrito-a-muitas-maos/ . Acesso em 13 mar 2021.

BARBOUR, Ian. G. Quando a ciência encontra a religião: Inimigas, Estranhas ou Parceiras. São Paulo: Ed. Cultrix, 2000.

DEMBSKI, W.A. Ciência e teologia (teoria do diálogo). In: COPAN et al. (Org). dicionário de cristianismo e ciência. 1. Ed. - Rio de Janeiro, Thomas Nelson Brasil, 2018.

GARROS, T. Ciência e Religião em Perspectiva: inimigas mortais ou amizade a ser (re)descoberta? – Parte 1. 2017. Disponível em: https://www.cristaosnaciencia.org.br/ciencia-e-religiao-em-perspectiva-parte-1/. Acesso em: 28 fev 2021.

GARROS, T. Ciência e Religião em Perspectiva: inimigas mortais ou amizade a ser (re)descoberta? – Parte 2. 2017. Disponível em: https://www.cristaosnaciencia.org.br/ciencia-e-religiao-em-perspectiva-parte-2/. Acesso em: 28 fev 2021.

KARNAL, L. Ciência e Religião. Estadão: seção Cultura, mar 2021. Disponível em: https://cultura.estadao.com.br/noticias/geral,ciencia-e-religiao,70003638553

MCGRATH, A. Ciência e religião: fundamentos para o diálogo. Tradução de Roberto Covolan. - 1. Ed. – Rio de Janeiro: Thomas Nelson Brasil, 2020. 352 p.

MÜLLER, L. É preciso escolher entre ciência ou religião? Folha de São Paulo: seção Ciência Fundamental, fev 2021. Disponível em: https://cienciafundamental.blogfolha.uol.com.br-/2021/02/17/e-preciso-escolher-entre-ciencia-ou-religiao/?utm_source=twitter&utm_medi-um=social&utm_campaign=twfolha

NUMBERS, RL. Terra plana, Galileu na prisão e outros mitos sobre religião e ciência. Tradução de Aline Kaehler – 1. Ed. – Rio de Janeiro: Thomas Nelson Brasil, 2020. 336 p.

STANFORD ENCYCLOPEDIA OF PHILOSOPHY. Religion and Science. Disponível em  https://plato.stanford.edu/entries/religion-science/ Acesso em 14 mar 2021.

WISEMAN, J. Entrevista. In: A ciência não prova Deus, mas enriquece a fé de quem acredita: uma entrevista com Jennifer Wiseman. Gazeta do Povo, ed. 30 mar 2019. Disponível em https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/tubo-de-ensaio/entrevista-jennifer-wiseman/ Acesso em 14 Mar 2021.

 

9 de jan. de 2021

A Bíblia NÃO é um livro de ciências!

capa de livro com os dizeres biologia no paraíso, autor: Deus, editora celestial. Selo de best seller.

A Bíblia não constitui uma fonte infinita de informações científicas aleatórias a serem derivadas de seus detalhes, colecionadas e juntadas por cientistas criativos”. Essas palavras foram apresentadas pela Associação Brasileira de Cristãos na Ciência (ABC2), e nelas me basearei para fazer os comentários abaixo.

O objetivo da Bíblia não é ser um manual de ciências (biologia, química ou física), e sim, ser um livro sobre Deus e Sua relação com a humanidade. As Escrituras obviamente falam sobre coisas naturais que todos podem observar, mas sempre apontando para Deus. A Bíblia não apresenta e nem requer um rigor científico e metodológico para se fazer ciência.

Ruth Bancewicz, geneticista, com PhD pela Universidade de Edimburgo, atualmente pesquisadora do Faraday Institute for Science and Religion, Cambridge (UK), diz que para um cristão, a Bíblia é a palavra de Deus para nós, e trata sobre o caráter e os propósitos criativos de Deus, como ele se relacionou com as pessoas no passado e suas promessas para o futuro. Enquanto a ciência é uma maneira específica de estudar o mundo, investigando as propriedades físicas das coisas, para explorar a criação de Deus. Com isso em mente, “se a Bíblia e a ciência parecem estar se contradizendo, certamente cometemos um erro ao interpretar uma ou outra”.

Esperar e exigir que a veracidade da Bíblia seja confirmada pela ciência (por mais eficientes que sejam os padrões científicos, estes são limitados) é desnecessário, injusto e excessivo para a própria Palavra de Deus. Dizer que a Bíblia seja uma fonte de mistérios científicos ocultos não tem nenhum suporte nela própria, configurando pura especulação.

Tradicionalmente, a Igreja Cristã entende que a revelação de Deus se mostra em dois livros: o livro das Palavras de Deus (A Bíblia) e o livro da Obras de Deus (A Natureza). Há quem diga que ciência e fé são assuntos totalmente opostos, mas um olhar mais cuidadoso e menos dogmático, seja de dogmas religiosos ou científicos (pois é, veja com calma e poderá percebê-los), permite leituras em que não há contradição entre a verdade bíblica e a verdade natural. Subscrevo a ideia da ABC2 de negar enfaticamente que a ciência tenha o poder de corrigir a Bíblia, e afirmar, de modo igualmente enfático, que a ciência e o saber acadêmico podem corrigir a nossa leitura da Bíblia, quando ela é corrompida por vícios humanos como a incredulidade, a superstição, a ignorância, a preguiça intelectual ou o dogmatismo, independentemente de sua fonte.

Em nosso entendimento, a harmonia fundamental entre o trabalho teológico e o trabalho científico só pode emergir quando cada campo respeita a soberania e autoridade do outro (ABC2 e eu 😁).

 

Explicações mais completas nos links abaixo:

https://www.cristaosnaciencia.org.br/o-falso-e-o-verdadeiro-nos-ataques-recentes-a-abc%C2%B2/

https://www.cristaosnaciencia.org.br/ciencia-e-biblia-se-contradizem/


5 de jan. de 2021

Por que BioTóxico?! (última parte - 4)

 


Esta é a quarta e última parte da looooonga história do nome deste Blog. Não deixe de ler desde o começo, clicando aqui.

Intoxicar pode ser definido por “envenenar(-se) ou causar envenenamento pela absorção de substância tóxica”. Diferentes fatores influenciam o processo de intoxicação. Quanto maior for o tempo de exposição a uma toxina, por exemplo, maiores serão as possibilidades deste produto causar danos à saúde. Da mesma forma, quanto maior a concentração do agente químico, maior será a possibilidade de causar um efeito danoso. A toxicidade também é um fator importante, pois algumas substâncias são mais tóxicas que outras se comparadas em mesma concentração. A natureza da substância química (se um gás, um líquido, etc) também influencia, pois, tem relação com a forma de entrada do tóxico no organismo (por inalação, ingestão ou contato epitelial). Por fim, a susceptibilidade individual, uma vez que algumas pessoas são mais sensíveis do que outras a determinados agentes químicos.

        Para nossa reflexão, é importante conhecer também quais são os possíveis efeitos destas substâncias em nosso organismo. Podemos apresentar desde uma simples irritação (de olhos, nariz, garganta, pulmões ou pele), ou sintomas como asfixia e anestesia, por exemplo. As ocorrências de intoxicação podem ser classificadas como agudas ou crônicas, e algumas podem até mesmo levar à morte. Então, como eu posso usar um termo negativo, como BioTóxico, que indica efeitos prejudiciais para falar em “intoxicar-se com a vida”?

            Bom, na verdade eu nem precisaria explicar, porque o blog é meu e eu dou o nome que eu quiser, hauhauhauhau (mas se eu não explicar, eu não terei nada pra postar aqui ). Afinal, ninguém se preocupa com o nome das coisas, mas deveria. Enquanto professor de biologia afirmo que muitos estudantes aprenderiam muito mais se atentassem à “lógica” no nome das estruturas biológicas (como os termos procarionte e eucarionte, citados na parte 1 dessa trilogia de 4 textos. Mas isso eu explico em outro momento). Então, vamos lá.

             Sim, é uma relação com o conteúdo ciência e fé que tenho introduzido neste espaço. Cristo disse, no evangelho de Lucas, que quem esquecer a si mesmo por causa dele terá a vida verdadeira. Podemos pensar, então, que além da vida biológica, individual, familiar, acadêmica e etc, existe uma vida, que é verdadeira, e a qual todas as outras estão submetidas. Mas a qual sentido se refere essa vida verdadeira? O de ser real? Ser palpável, factual e fundamentada? Ser sincera, honesta e confiável? Ser exata, válida e inquestionável? Não sei dizer! Entretanto, as perguntas elencadas também são verdadeiras e legítimas, independentemente de apresenta-las a partir de um livro bíblico ao invés de leituras de Sagan ou Dawkins. Eu não sou o primeiro a questionar e querer refletir sobre isso, e nem serei o último, só sei que a ciência não consegue me responder todos estes questionamentos pois alguns simplesmente fogem ao seu escopo. É importante reconhecer o limite e o objetivo da ciência, e também o da fé. Se existe uma vida verdadeira, existe uma vida falsa. E da mesma forma, podemos pensar nessa falsidade como mentira, farsa, irrealidade, vida imaginária, fictícia, imprecisa, imperfeita, incerta e errada. Qual vida eu vivo? Ou ainda, qual vida eu quero viver?

           Tenho uma intenção, e não necessariamente uma resposta, que é me intoxicar da vida verdadeira, daquela que é, ao mesmo tempo, o caminho e a verdade, sem a qual ninguém chegará ao Pai. Chegar ao Pai e permanecer nele por este caminho é o objetivo de todo cristão.

E para quem também tem esse objetivo de intoxicar-se, pense na possibilidade de aumentar o tempo de exposição a essa vida com um relacionamento construído com a dedicação de algo tão precioso para nós nos tempos atuais, o tempo que podemos ficar expostos a Ele (ao invés de ficar vendo treta no twitter =P). Quanto mais tempo em contato com O composto (são três substâncias: Pai, Filho e Espírito Santo), maior será sua ação “tóxica”, em que Ele invade, transforma, renova e preenche o nosso vazio, afeta os nossos sentidos e se apresenta como boa razão para a nossa fé. Da mesma forma, quanto maior a concentração do agente (que em nossa leitura não se trata mais de algo químico, mas sim espiritual) e a sua toxicidade (Sua graça irresistível), maior será a possibilidade de causar um efeito danoso à nossa falsa vida, "aquela", imperfeita e tóxica aos nossos próximos (só pra usar o sentido figurado e atual do termo), e que é capaz de nos dar vida em abundância (da verdadeira). As naturezas da “substância” capazes de converter a falsa vida são Amor e Justiça, e sua forma de atuação é a renovação da nossa mente, pela fé que excede todo entendimento, que temos acesso pelo ouvir a Palavra (aquela mesma, viva). Por fim, a susceptibilidade individual, uma vez que algumas pessoas são mais sensíveis do que outras a determinados agentes, e neste caso, podemos dizer que algumas possuem o coração contrito, ou ainda, que têm ouvidos para ouvir, e ouvem, enquanto outras são mais "tolerantes" a tudo isso.

E para concluir, deixo algumas considerações sobre “BioToxicidade” no âmbito deste blog a partir da pergunta feita na parte 3: se BioTóxico se refere a intoxicar-se com a vida, o que seria uma overdose de vida?! Penso que seria ter vida eterna (e aqui eu deixo mais uma contribuição do nosso querido John - 3:15, “para que todos os que crerem nele tenham a vida eterna). Para isso, para a "máxima intoxicação”, é preciso crer, e isso não é um sentimento, e sim uma ação volitiva de cada pessoa. Por isso, entendo que ao invés de divorciar o amor a Deus e a nossa fé da nossa vida intelectual, a Bíblia claramente declara que o amor a Ele repousa sobre nosso próprio intelecto. O maior mandamento é amar a Deus com nossa mente. Portanto, busque-o enquanto se pode achar!



1 de jan. de 2021

Por que BioTóxico?! (parte 3)

 

leocentrismo

    A imagem não está errada. Não quis dizer Teocentrismo, e sim Leocentrismo mesmo. Já adianto que esse conceito não existe, e foi um neologismo para defender um ponto de vista.

    Cada ser vivo possui uma complexidade inerente à sua forma de vida biológica, mas o ser humano consegue ser ainda mais complexo do que qualquer outra espécie que tenha passado pelo planeta Terra. A sua capacidade cognitiva é o diferencial, atuando na aquisição de conhecimento por meio de processos como a percepção, a atenção, associação, memória, raciocínio, juízo, imaginação, pensamento e linguagem, e também a predição.

    Em diferentes momentos da história tivemos Deus no centro do universo, a Terra, o Sol e até o próprio ser humano, num modelo conhecido como antropocentrismo (creio que você pode pensar facilmente em pelo menos 3 pessoas do seu convívio que tenham certeza de estarem no centro do universo “just right now”). O fato é que toda essa reflexão sobre quem, ou o que, está no centro do entendimento humano só é feita por uma espécie vivente que se tem registro. Se os leões tivessem a capacidade de pensar sobre isso, possivelmente haveria uma época de “Leocentrismo” na história (arráaaaa!!! Faz sentido, né?).

    Nós somos diferentes das outras espécies e facilmente percebemos isso, ao mesmo tempo que mantemos nossas semelhanças biológicas. Biologicamente falando, nós humanos sofremos as mesmas pressões ambientais como qualquer espécie viva (necessidade de alimento, de água, de espaço, susceptibilidade a doenças, etc), seja ela uni ou pluricelular, procarionte ou eucarionte, autótrofa ou heterótrofa (whatever). Somos apenas mais uma espécie no meio de tantas outras. Entretanto, somos a única capaz de perceber e raciocinar sobre este fato, o que nos torna muito diferentes.    

    É difícil pensar em um motivo ou explicação para essa diferença em termos científicos. A ciência responde muito bem como resolver problemas naturais, ou com que resolvê-los, mas quase nunca consegue explicar porque resolver as coisas. Esta é a grande e permanente questão do mundo antigo e contemporâneo, e há um movimento natural pela busca de propósitos. É aí que a filosofia e a teologia entram em cena (ou voltam para a discussão iniciada por elas mesmas), e trazem explicações que são impossíveis de serem dadas pela ciência moderna pelo simples fato de estarem fora do seu escopo, objetivo e metodologia.

    Ao analisar o diferencial humano é possível perceber que possuímos vários “aspectos” de vida além do biológico, dos quais podemos citar o aspecto (ou a vida) familiar, a vida acadêmica, a profissional, espiritual, e por aí vai. Todas elas são muito importantes para nós, mas quero focar na última. Sobre a vida espiritual, existe um tipo de vida particularmente especial, que é ao mesmo tempo “o caminho, a verdade e a vida”. Foi nessa vida que eu pensei quando propus o nome BioTóxico. Como disse anteriormente, sou professor e cientista/pesquisador. Biologia sempre foi minha paixão desde a idade escolar. Além disso, sou cristão (sim, é possível um cristão ser cientista, ser um biólogo, sem precisar negar a sua fé ou entrar em conflito com o que quer que seja). E não foi na biologia, ou outra ciência, que encontrei razões para a possibilidade de haver um propósito de vida e da vida, mas foi em Cristo e sua Palavra.

    Muitas e muitas pessoas pensam a relação entre fé e ciência, e geralmente questionam se podem/devem ser vistas como inimigas, estranhas ou parceiras. Como sempre, boas leituras trazem luz ao questionamento. Quem me conhece sabe que vejo fé e ciência como parceiras, numa visão construída, entre outras coisas, a partir do entendimento dos limites de cada esfera. E ressalto a importância da leitura nesta reflexão, retomando o tema central da postagem, o nome do blog. De acordo com o Evangelho de João (1:4 – NTLH) “A Palavra era a fonte da vida, e essa vida trouxe a luz para todas as pessoas”. O mesmo autor chama Jesus Cristo de o Verbo de Deus, e há traduções que o colocam como a Palavra de Deus (eu sempre gostei de ler, e saber de uma Palavra que era fonte de vida foi, no mínimo, intrigante). Toda leitura, pra ser realmente absorvida, a ponto de “intoxicar” a nossa mente precisa ser refletida, ou digerida, como se costuma dizer (– Olha que interessante: o mesmo Cristo que é a Palavra e fonte de vida, é o Pão da vida – João 6:48 – então deve ser necessário mesmo uma digestão dessa palavra).

    E para terminar essa penúltima postagem sobre o motivo do nome do Blog, pense comigo: se BioTóxico se refere a intoxicar-se com a vida, o que seria uma overdose de vida?! Vou deixar essa reflexão para o quarto e último capítulo da “trilogia” de 4 postagens (porque trilogia é mais legal de falar). Até!